O melhor conto...

26 abril 2009

...do nono ano:

Um pouco de anarquia
(Isabella)


Eu estava no banco com a minha mãe, morrendo de tédio. Não havia nada o que uma adolescente de quinze anos pudesse fazer lá. Peguei meu mp4 de bolso, coloquei os fones de ouvido e dei play. Passaram-se três músicas e estava prestes a começar a quarta quando, de repente, ouvimos um “bam!” ensurdecedor. Parecia o tiro de uma arma. “Uh! Oh!” – não só parecia, mas era o tiro de uma arma!


Minha mãe me abraçou protetivamente e nos fez agachar no chão, de pavor. Eu estava de costas para a cena, então não sabia o que estava acontecendo.


− Boa tarde, senhoras e senhores!


Essa voz, eu a conhecia muito bem. Eu nunca a ouvi pessoalmente, mas já a tinha ouvido em jornais de televisão, vídeos da internet etc. Essa voz só podia ser dele, do Coringa, o criminoso mais perigoso de Gotham e também a pessoa com quem eu mais me identificava em toda a cidade.


Eu quis me virar e ir em direção a ele, mas minha mãe continuou a me apertar, impedindo de eu me mover. Olhei para o rosto dela e sussurei: “está tudo bem mãe; não vou fazer nada”. Tive de mentir um pouco para ela, só para acalmá-la. Logo ela me soltou e pude ficar de pé novamente.


Os capangas do Coringa estavam correndo direto para o cofre, sempre pensando no dinheiro, enquanto o “Clown prince of crime” (Príncipe palhaço do crime, na tradução pé-da-letra) torturava o gerente e mais algumas pessoas.


− O que você quer? Dinheiro? É isso?


− Vocês só pensam em dinheiro, não é? Que estranho, acho que nunca vou entender gentinha como você! E a ironia é que vocês também nunca me entenderão! O que eu quero é apresentar um pouco de anarquia a esta cidade.


Todos estavam apavorados, menos eu. Eu não sentia medo dele, mesmo vendo-o de tão perto.


Ele tirou uma faca do bolso, segurou o gerente pela nuca e pressionou a faca sobre a sua bochecha. Ele estava prestes a lhe contar como tinha ganhado aquelas cicatrizes, mas eu já estava tão emocionada de vê-lo que, quando percebi o que ele ia fazer, não pude resistir de dar um risinho de garota, inocente, mas cheio de sarcasmo. Claro que ele ouviu, mas não se moveu. Ficou pressionando a faca no gerente por um tempo, quando, finalmente, resolveu se virar para me olhar. Primeiro pensei que ele fosse se aproximar de mim, colocar aquela faca na minha boca, me contar uma das várias histórias falsas sobre suas cicatrizes e, finalmente, ou me matar ou me dar um belo “sorriso permanente”. Acho que foi esse pensamento que me assustou e me fez congelar no meu lugar.


Apesar disso, ele não fez nada. Apenas ficou me olhando por um tempo. Por fim, ele sorriu. Mas não foi um sorriso debochado, como ele sempre tinha feito. Parecia mais um sorriso honesto, gentil. E ele parecia quase outra pessoa. Então ele soltou um “obrigado” inaudível e chamou seus capangas para voltar para a van. Acho que, afinal, ele não queria introduzir anarquia nenhuma; ele queria alguém para aprovar seus atos.

Parabéns, Isabella! O seu texto ficou excelente!

1 comentários:

Eriane disse...

Pois é, e no final parece que o que todos querem é aprovação mesmo. Principalmente alunos (rsrsrs). Beijos e parabéns!